quarta-feira, 6 de março de 2013

Sobre Congresso, congressistas e os desatinos





Decorridos o recesso de final de ano, o feriadão do Carnaval e a poeira das cinzas, o Congresso se antecipa à Páscoa para eleger os novos dirigentes de suas comissões temáticas. O preenchimento das cadeiras obedece as regras da proporcionalidade –as legendas maiores escolhem as comissões mais cobiçadas, as menores ficam com o resto.

Nesse processo em que a quantidade das bancadas vale mais do que qualidade de seus integrantes, o flerte com o inusitado é permanente. Ele se insinuou em pelo menos três comissões. Blairo Maggi (PR-MT), ruralista, um dos maiores produtores de soja do planeta, foi acomodado na presidência da Comissão de Meio Ambiente do Senado. Espanto!

Gabriel Chalita (PMDB-SP), alvo de 11 inquéritos recém-abertos, suspeito de receber propinas à época em que comandava a secretaria de Educação de São Paulo, foi conduzido à presidência de uma relevante comissão da Câmara. Qual? A de Educação, naturalmente. Assombro!!

Marco Feliciano (PSC-SP), pastor evangélico, autor de declarações de coloração racista e homofóbica, foi indicado por sua legenda para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Estupefação!!! Aqui, o inutidado foi tão gritante que a sessão em que o nome seria confirmado teve de ser adiada. Houve rififi. Ficou para esta quinta.

A Constituição brasileira assegura o direito de ir e vir. Assim, se você tenta impedir o cometimento de um suicídio, está interferindo no direito do suicida de ir. Difícil, portanto, avisar alguém de que seu comportamento é suicida sem incorrer numa intromissão inconstitucional. Porém…

Alguém precisa alertar o Congresso sobre seu comportamento de alto risco e sua tendência à autodesmoralização. Convém avisar com jeito, falando baixinho. Chamar a atenção em público, em voz alta, pode agravar a situação. E não se deve brincar com uma democracia suicida.

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