quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Em SC, Rede de Marina Silva convive em harmonia com ex-DEM Paulo Bornhausen

Presidente do PSB de Santa Catarina, Paulo Bornhausen obteve o que muitos imaginavam inalcançável. Egresso do DEM e do PSD, o filho do ex-senador Jorge Bornhausen convive harmoniosamente em seu Estado com a Rede, agremiação comandada por Marina Silva.
Paulinho Bornhausen, como é chamado, articulou a formação de um fórum partidário que zela pelos interesses da candidatura presidencial de Eduardo Campos em Santa Catarina. Além dele, participam regularmente das reuniões Lucas Cardoso, representante da Rede; e a deputada federal Carmen Zanotto, que comanda o PPS catarinense.
O último encontro ocorreu na segunda-feira (10). Foi a terceira reunião desde dezembro. A convite do neossocialista Paulinho, também participou dessa conversa o presidente estadual do PV, Guaraci Fagundes. Por ora, o fórum dedica-se a difundir no Estado o projeto presidencial de Eduardo Campos, um desconhecido entre os catarinenses.
Promoveram-se encontros regionais em sete municípios. O último ocorreu na noite passada, em Florianópolis. A coisa é feita com método. Primeiro, os mandachuvas estaduais do PSB, da Rede e do PPS conversam separadamente com seus correligionários locais.
Na sequência, realiza-se um encontro conjunto. Nessa fase, a plateia assiste a vídeos com mensagens de Eduardo Campos, de Marina Silva e do presidente do PPS federal, deputado Roberto Freire (SP). Até o final de março, planeja-se inserir no enredo do grupo um debate sobre a sucessão estadual.
Antes de receber o apoio de Marina, Campos tricotava uma aliança com o governador catarinense Raimundo Colombo, candidato à reeleição. Colombo é outro egresso do DEM. Hoje, está filiado ao PSD de Gilberto Kassab. A entrada de Paulinho Bornhausen no PSB foi selada, no final de agosto de 2013, num jantar na residência oficial de Colombo.
Ouvido nessa época sobre a conversão do filho de Jorge Bornhausen ao socialismo à brasileira do PSB, Campos reconheceu: “Aparentemente, é uma contradição”. Mascontemporizou: “Há momentos políticos importantes na história em que há esse tipo de encontro. Todas as vezes que o Brasil se preparou para fazer mudanças importantes foram construídas frentes políticas e frentes sociais para fazer esse tipo de inversão.”
Pouco depois, em outubro de 2013, sobreveio o ingresso de Marina e dos seus correligionários da Rede no PSB. Ela empurrou para dentro do partido de Campos o debate sobre a “nova política”. De saída, provocou o rompimento de um acordo que o PSB articulara em Goiás com o deputado Ronaldo Caiado, líder do DEM. Imaginou-se que a lufada de ar carregaria também Paulinho Bornhausen. Deu-se coisa diferente.
Em Santa Catarina, o caminho natural do PSB e do PPS seria o apoio à reeleição de Colombo. As duas legendas integram o consórcio partidário que dá suporte ao governo dele na Assembleia Legislativa. Deputado federal licenciado, Paulinho é secretário de Estado. Comanda a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável.
Não se sabe por ora se a Rede catarinense acompanharia o PSB e o PPs numa eventual renovação da aliança com Colombo. Mas a simples presença do preposto de Marina na mesa de entendimentos causa certa inveja aos dirigentes do PSB em praças como São Paulo e Paraná.
Nesses Estados, o partido de Campos está coligado com os governos tucanos de Geraldo Alckmin e Beto Richa. Os dirigentes locais do PSB gostariam de manter as parcerias, provendo para Campos um palanque duplo, a ser dividido com o presidenciável tucano Aécio Neves. Mas a Rede faz cara de nojo. Defende o lançamento de candidatos próprios.
Arrastando a Rede para a canoa de Colombo, Bornhausen converterá o surpreendente em inacreditável. No vizinho Rio Grande do Sul, o PSB sonha com uma parceria com a senadora gaúcha Ana Amélia, candidata do PP à sucessão do governador petista Tarso Genro. A despeito ficha limpa da senadora, Marina Silva torce o nariz, travando o entendimento com uma candidata competitiva.

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