terça-feira, 29 de outubro de 2013

Metrô poderá ter vagão exclusivo para mulheres Projeto está sendo analisado pela Comissão de Justiça da Assembléia Legislativa de Pernambuco

 / Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

O Metrô do Recife (Metrorec) pode ganhar vagões exclusivos para mulheres em breve. A ideia é do deputado estadual Eduardo Porto (PSDB) e está sendo analisada pela Comissão de Justiça da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Se o projeto de lei for aprovado, cada trem terá que disponibilizar um vagão apenas para o público feminino durante os horários de pico: das 6h às 9h e das 17h às 20h.
Segundo o deputado Eduardo Porto, relator do projeto, a mudança pretende evitar o abuso moral e sexual das passageiras dentro do sistema de transporte ferroviário. "Muitas mulheres me procuraram para dizer que eram assediadas no metrô, porque alguns homens se aproveitavam dos vagões lotados para constrangê-las", explicou.

Antes de propor a ideia, o parlamentar disse que observou o exemplo de outras cidades brasileiras. O projeto foi implantado no Rio de Janeiro em 2006 e diminuiu o número de assédios na cidade. Lá, os vagões femininos são identificados pela cor rosa e ficam no início de cada trem. Os outros setores podem ser usados tanto por homens como por mulheres. Este ano, a ideia também chegou ao Distrito Federal e a São Paulo.

No Recife, o plano é que o "vagão rosa" funcione apenas nos horários de pico dos dias úteis. Nos sábados, domingos e feriados e no restante do dia, todos os vagões seriam de uso misto. "As empresas poderão definir como isso será feito e qual vagão será destinado às mulheres. Mas esses departamentos terão placas de aviso e a polícia ferroviária pode ajudar a impedir a entrada dos homens", explicou Porto.

Entre boa parte dos passageiros, a ideia agradou. "Seria ótimo, porque nós ficaríamos mais confortáveis e não teríamos que lidar com alguns homens enxeridos", afirmou a dona de casa Risonete Ferreira, 36 anos. "O metrô transporta muita gente e as mulheres poderiam se livrar do aperto com os vagões exclusivos, principalmente as grávidas", acredita o advogado Guterro Francisco Souza, 43. Já o estudante Deric Venâncio, 22, acha que gestantes e idosos deveriam ganhar o direito antes do público feminino em geral.

DESIGUAL - O Instituto SOS Corpo, tradicional movimento feminista do Estado, também não aprovou a ideia. Para o órgão, a medida não contribui para tratamento igualitário entre homens e mulheres. "Esse projeto parte do pressuposto de que as mulheres são culpadas pela violência que sofrem e que basta retirá-las de circulação que os homens deixarão de ser assediadores. Para que o Recife deixe de ser uma cidade violenta para as mulheres, deve-se investir mais em educação e menos em segregação", declarou em nota o SOS Corpo. Segundo o instituto, 28 mulheres foram estupradas nos veículos de transporte coletivo do Recife entre 1998 e 2012.

A assessoria de comunicação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que opera o metrô do Recife, informou ainda não ter nada a declarar sobre a proposta. A companhia disse que vai estudar o projeto e discuti-lo na Alepe para analisar sua viabilidade.

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