quarta-feira, 12 de março de 2014

Na Câmara, Dilma tornou-se uma anã política

Dilma Rousseff passou as últimas 72 horas afirmando, em privado, que queria saber qual é o tamanho real de Eduardo Cunha, o líder desaforado do PMDB. Em movimento suprapartidário, os deputados governistas se juntaram para fornecer à presidente uma informação mais valiosa. Hoje, 11 de março de 2014, medida pelo painel eletrônico da Câmara, Dilma tem a estatura de uma anã política: 28 votos —ou 5,4% do colegiado de 513. A presidente é menor até do que o partido dela. Dono de 87 cadeiras na Casa, o PT não desceu inteiro ao front.
Com boa vontade, pode-se adicionar ao cesto de Dilma as 15 abstenções e os 89 deputados que se declararam “em obstrução”. Ainda assim, a presidente da supermaioria de cerca de 400 aliados saiu da votação reduzida a uma minoria de 132 votos. Assim, com o conglomerado partidário lipoaspirado para 25,7% da Câmara, Dilma descobriu que Eduardo Cunha e o PMDB não são seus únicos problemas. Longe disso.
Como previsto, foi a voto a proposta da oposição de criação de uma comissão suprapartidária para investigar, em diligências externas, denúncia de pagamento de propinas na Petrobras. Como fizera antes do Carnaval, o PT tentou obstruir. Dessa vez, fracassou. E a coisa passou em votação simbólica. Inadvertido, o PT exigiu a aferição eletrônica dos votos. Com esse gesto, empurrou para dentro da derrota a humilhação de um placar acachapante: 267 a 28, noves fora abstenções e obstruções.
Dilma aprendeu uma lição na Câmara. Ainda não percebeu que lição foi essa. Mas, se esquecer por um instante a assessoria especializada de Aloizio Mercadante e convocar ao Planalto uma criança de 5 anos, perceberá o que deu errado. Quem puxa o rabo do gato arrisca-se a tomar uma mordida. E aprende que, se não puder dar uma cacetada na cabeça do gato antes de puxar-lhe o rabo, é melhor continuar servindo leitinho fresco no pires.
Dilma Rousseff derrotou Dilma Rousseff na Câmara, eis a lição da noite. No comando de um governo apoiado por um condomínio fisiológico, a presidente selecionou Eduardo Cunha para fazer pose de mandatária asséptica. Fez isso num instante em que a gataiada reclamava do racionamento de leite. Escassearam até as  verbas das emendas.
Ao perceber que a candidata à reeleição, de olho no tempo de propaganda no rádio e na televisão, promovia uma distribuição seletiva de ministérios, os gatos miaram com estridência. Ao notar que o PT bebe mais leite, os aliados resolveram esclarecer que sempre é possível desembarcar. Foi como se os governistas informassem a Dilma e ao PT que eles também sabem fazer pose. Se necessário, saltam do governo petista fazendo pose de navio que abandona os ratos.

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